fevereiro 26, 2011

Coelinho da páscoa decadente.

Era escuro. Escuro total ele lembra, o que é total besteira, porque é impossível alguém que se lembre de um momento desses. Era quieto e silencioso, úmido, encharcado talvez. Uma paz que só iria sentir novamente em sua morte. Deitava na posição fetal, queria ficar assim, mas era hora de sair.
A mulher gritava. Ao seu lado, aconselhavam a respirar, "um, dois, isso... respire, calma". Outros eram mais inquieto "Puxa, força, vai, mais forte".
- SE EU FIZER MAIS FORÇA EU ME CAGO NAS CALÇAS, CARALHO!
Tinham que tirá-lo. Ela suava, beirava o desmaio, muita gente ajudando para pouco benefício. Algumas futuras tiazonas comentavam, "Acho que esse não sai, e se sair, sai morto". Crueldade, mas os esforços eram em vão, então era honestidade da mais fria. O mais embriagado lá enche o saco de métodos convencionais, partiu para objetos cortantes. "O estrago pode não ser bonito, mas esse porra vai sair ainda hoje!".
Ele continuava lá, imóvel, sentindo-se seguro. Mas acabou-se o que era doce, a primeira luz chega, um novo começo. Era uma segunda-feira, então uma merda de um começo.
Ela o vê, os outros se apressam, mortos de curiosidade, mas acabam decepcionados, encontram o que já esperavam. Põe o machado que usou pra abrir a porta de lado e vai dormir, puto da cara. Lá estava, com a cabeça enfiada no vaso, deitado numa poça de mijo: Trapeau, pronto para o mundo.
"Foda-se essa merda". Não importa quem verbalizou, era mútuo.

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