abril 28, 2011

rá!

O moleque foi chegando, alguém tentou simpatizar
“E aí, irmão?”
Mas com fogo nos olhos:
“Tenho cara de ser teu irmão? Nascemos da mesma mãe?
E de repente ri
Gargalha. Debocha.
E todo mundo ri junto
Todo mundo não entende.
E o moleque perguntou aonde tem uma bicicleta,
Pra roubar.
Pra poder voltar pra casa.
Porque mora longe.
Porque acabou de ser atropelado
E a bicicleta antiga virou história.
Porque não tem dinheiro.
E Trapeau, só lembrando
Daquele estudante de direito
Que, em êxtase, falava:
“Vagabundos e moleques de rua são o nojo do que há.
Desconfiados que pedem confiança. Ratos assustados
E cruéis. Não sabem conviver em sociedade”
E Trapeau completa em pensamento
“É cada um por si.”
E riu quando percebeu que gostava do que ouvia
Ria enquanto lembrava do discurso
E o quão bobo era.
Riu que se acabou.
E acabou se passando de idiota
Tomando um soco na cara.
Correu pra um beco isolado.
Solitário,
E riu o quão alto queria rir.

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